
Neste Dia dos Pais, a atriz Mariana Lewis abriu o coração para falar sobre sua relação com um dos pilares de sua vida: seu pai, o produtor e diretor Quentin Lewis. Conhecida por sua sensibilidade e dedicação nos palcos de dentro e fora do país, Mariana destaca que grande parte de sua força, ética e paixão pela arte vieram do exemplo e apoio incondicional que sempre recebeu em casa.
A parceria entre Mariana e Quentin vai muito além da vida pessoal, estendendo-se como um grande impulsionador para a carreira da atriz. Essa colaboração se materializou na criação da produtora audiovisual Canal Demais, que eles ergueram junto com Márcia Romão, mãe de Mariana, e o irmão Max Lewis, dando vida a uma variedade de projetos e narrativas.
Ensinamentos com o pai
Segundo a artista, um dos maiores aprendizados que teve com o pai durante a vida foi a gentileza. “Todos os dias, quando meu pai me levava para a escola com o meu irmão, antes de nos despedirmos no portão, ele sempre dizia: ‘Seja gentil, seja bom, seja delicado’, e nos ensinava que, se não tivéssemos algo bom para dizer, era melhor não dizer nada, mas, se possível, devíamos procurar algo bonito para dizer às pessoas. Elogiar o cabelo de alguém, ou os sapatos novos… Tentar espalhar positividade no mundo”, relata.
A atriz descreve seu pai como um criador, que tem a necessidade genuína de estar sempre criando algo, seja um roteiro, uma ideia nova, uma imagem ou um conceito. “Ele me ensinou que o processo criativo é precioso, mas também exige coragem. Porque geralmente começa do nada. E esse vazio inicial pode ser assustador. Mas ele sempre diz que quanto mais buscamos por ideias, mais elas aparecem”, declara.
A sintonia da escrita compartilhada
Juntos, pai e filha escreveram o livro “O Orfeu de Londres”, em que mergulha na vida de Handel, um imigrante alemão que, em meio à xenofobia de Londres do século XVIII, enfrentou hostilidade, isolamento e falência antes de revolucionar a música inglesa. Sobre o processo de escrita em conjunto, Mariana relembra que a parte mais especial foi perceber como o estilo de escrita de ambos começaram a se misturar, “No início, eu me via imitando as descrições sensoriais que ele fazia, os cheiros, as texturas, os alimentos, os detalhes dos castelos… Ele tem esse olhar minucioso. E, com o tempo, ele passou a incorporar minhas descrições emocionais, meu foco no estado interior dos personagens”, conta. “Foi muito gratificante terminar o livro e perceber que não dá para saber exatamente quem escreveu o quê. Parece mesmo que foi uma única voz. E isso, para mim, é um sinal de profunda sintonia criativa”, completa.
Já seu pai confessa que escrever o livro com a filha foi uma alegria imensa. “O momento mais marcante, sem dúvida, foi quando terminamos o livro e lemos a obra pronta, juntos. Sentimos que havíamos criado algo verdadeiro, que nos orgulhava e superava nossas próprias expectativas. Foi profundamente gratificante”, descreve.
Mariana e Quentin também contam como é trabalhar juntos, seja na escrita do livro ou na produtora Canal Demais, gerenciada pela família. Mariana define a experiência como muito intensa: “Ele é rápido, muito objetivo, e tem uma visão muito clara do que quer. Não gosta de repetir muitas vezes a mesma cena. Se chegamos à 10ª ou 11ª tomada, ele já começa a ficar impaciente. O cronograma dele é sempre enxuto, preciso. Quase não há margem para erro. Ele tem essa filosofia de que a primeira tomada de um ator é, geralmente, a mais verdadeira. Muitas vezes diz que está só testando luz ou foco e depois acaba usando exatamente aquele take no corte final”, conta.
Quentin menciona que a relação com a filha é maravilhosa por compartilharem muitos interesses em comum e por trabalharem juntos há mais de dez anos escrevendo roteiros, filmando, fazendo casting e editando séries e filmes. “Criamos juntos a websérie ‘Encanto da Sereia’, com mais de 450 episódios, e ao longo desse processo desenvolvemos uma sintonia impressionante. Chegamos a um ponto em que, no meio de uma cena, bastam gestos ou olhares, ela parece ler minha mente. Às vezes, sem precisar dizer nada, ela ajusta o tom da voz ou muda de posição para compor melhor o quadro da câmera. Isso torna o trabalho muito mais fluido e eficiente. Adoro trabalhar com ela”, reflexiona.
Lembranças
A artista lembra que a memória mais marcante que tem com o pai é quando ele contava histórias para ela e seus amigos. “As narrativas sempre vinham cheias de detalhes, fruto de todos os livros que ele lê. Ele pode passar de uma tragédia grega para um livro sobre mecânica quântica no mesmo dia. E eu cresci nesse universo, onde imaginação e conhecimento sempre andaram juntos. Isso me marcou profundamente”, confessa.
Por outro lado, o produtor também conta suas lembranças marcantes com a filha: a primeira quando deu seus primeiros passos, já o segundo foi quando recebeu seu primeiro prêmio em um pequeno festival de cinema, aos 11 anos. “Ela subiu ao palco, diante de 500 pessoas, pegou o microfone com segurança e agradeceu aos organizadores. Depois olhou para mim e disse que dedicava o prêmio ao pai, que tinha aprendido tudo sobre cinema ao lado dele. Nunca vou esquecer aquele momento. Foi um instante de gratidão profunda, de realização como pai, e de uma felicidade que levo comigo todos os dias”, finaliza.